Identidade(s): pesquisadores comentam cultura e história do Tocantins
Que identidade tem o Tocantins? Na comemoração dos 25 anos do Estado, histórias, símbolos e tradições são reafirmados como meios de representação regional. Apesar de recente, a história rica e contrastante do estado é estudada por pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins.
A jornalista e aluna do Mestrado em Ciências do Ambiente, Ana Carolina do Anjos, fala sobre tradições seculares e as criações recentes de identidade cultural no Tocantins. Ela mostra a diferença entre as heranças históricas do interior do estado e a criação de Palmas como capital moderna.
O estudo de Carolina ressalta que cidades do interior carregam histórias que precedem a emancipação política, são cidades antigas, que datam em média trezentos anos. "Palmas é uma cidade criada, inventada, cidade de tempo ausente, uma síntese da formação histórica do Tocantins'', explica a pesquisadora.
Girassóis é um dos símbolos governamentais (Foto: Caio Capela)
Para estudar todo esse contexto, ela iniciou o projeto de pesquisa "Do Girassol ao Capim Dourado: a legitimação do discurso sobre os símbolos governamentais através da naturalização”. Ela defende a hipótese de que signos de representação são integrados à identidade cultural do Estado pelas afirmações de discursos governamentais e instituições formadoras de opinião, como a mídia e a universidade. ''Se você escuta por várias vezes que o Capim Dourado é típico do Tocantins isso vai se legitimando'', esclarece Carolina.
Para ela, Palmas é exemplo de criação proposital de uma identidade. “Aqui a gente tem a formação da praça dos girassóis, com as alegorias, o girassol, signos que acompanham a história de um governador como figura mitológica”. Carolina classifica as identidades formuladas por ações governamentais como mitos que deram certo e descarta a possibilidade de sua fragmentação, '' A dinâmica cultural está rompendo, se modifica, mas não some, foi muito bem fundada'', garante.
Antigo Goiás – Outro pesquisador que estuda este caso é o professor do curso de Geografia da UFT, Jean Carlos. Ele é autor da tese “Estado do Tocantins: política e religião na construção do espaço de representação tocantinense”, e se dedica ao estudo de formulações identitárias.
Segundo Jean Carlos nós convivemos com a necessidade de produzir referencias próprios, mas em espaços que ainda guardam resquícios de uma representação simbólica goiana. “O passado é visível em placas de inaugurações de lugares públicos em diversas cidades, Araguaína coleciona várias dessas placas, com datas de inaugurações e nomes de personagens políticos da época em que o Tocantins ainda era Goiás''. Placas retratam um passado antigo. (Foto: Arquivo do pesquisador)
Outro exemplo é Natividade, tombada como patrimônio cultural goiano em 1987, a cidade deixou 'da noite para o dia' de ser patrimônio cultural goiano e tornou-se patrimônio cultural tocantinense em 01 de janeiro de 1989.
Natividade deixou de ser patrimônio cultural goiano e tornou-se patrimônio cultural tocantinense (Foto: Deborah Sena)
As pesquisas apontam cenários culturais sendo bem definidos no Tocantins. Em Palmas, identidades criadas, símbolos, arquitetura moderna; no interior, sussa, catira e prédios antigos. Para Carlos, discutir essa dualidade vai além de responder com um simples 'sim', ou um 'não', se existe uma identidade tocantinense no singular - há identidades culturais no plural.
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