Hamilton Pereira da Silva (Pedro Tierra) recebe título de Doutor Honoris Causa
Uma noite para celebrar a liberdade e a democracia. Assim pode ser definida a solenidade realizada no Centro Universitário Integrado de Ciência Cultura e Arte (Cuica), no Câmpus da UFT em Palmas, onde ocorreu a outorga do título de Doutor Honoris Causa para o poeta e militante político Hamilton Pereira da Silva, também conhecido como Pedro Tierra, na noite da última segunda-feira (15). Com participação dos membros dos Conselhos Superiores da UFT, a mesa foi inicialmente composta pelo reitor Márcio Silveira e pela vice-reitora, Isabel Auler. Após a abertura da cerimônia por Silveira, foram chamados à mesa o pró-reitor de Extensão e Cultura da UFT, professor George França, e a deputada federal Dorinha Seabra.Hamilton Pereira da Silva entrou no Cuica acompanhado da esposa Juliana Barbosa (Foto: Samuel Lima)
O homenageado da noite entrou no auditório do Cuica acompanhado da esposa, Juliana Aparecida Barbosa, e foi aplaudido de pé pelos presentes e ao som de Quésia Carvalho. Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, a professora Kátia Maia Flores fez um breve relato biográfico do homenageado, destacando sua vivência em Porto Nacional (sua terra natal), sua poesia revolucionária e também de seus personagens, além do início de sua militância político-literária.Professora Kátia (e) falou da história do homenageado, enquanto Cleudina (do MST) falou da importância de Tierra para o movimento (Fotos: Samuel Lima)
Representando o Movimento dos Sem Terra - organização que Pedro Tierra ajudou a criar - Cleudina Silvino Matos falou da importância de Tierra e de seu engajamento em torno da luta pela terra, entregando, em seguida, um presente em nome do Movimento. Cerca de 50 pessoas, entre acampados e militantes do MST estiveram presentes no Cuica, prestigiando a solenidade de outorga do título para Tierra.Os poemas TempoNoite (e) e Pedagogia dos Aços foram encenados durante a solenidade (Fotos: Samuel Lima)
Seguiram-se então apresentações teatrais e musicais a partir de textos poéticos do homenageado. Foram encenados os poemas "Temponoite" e "A Pedagogia dos Aços", com participação de servidores técnico-administrativos da UFT, estudantes tanto universitários quanto secundaristas e artistas.Momento da entrega do título com o reitor Márcio Silveira (e), Pedro Tierra e a vice-reitora Isabel Auler (Foto: Samuel Lima)
A solenidade de entrega do título foi feita pelo reitor Márcio Silveira e pela vice-reitora Isabel Auler ao som do violão e canto de Quésia Carvalho. Silveira, em seu discurso, frisou que "o espírito de Pedro Tierra é o espírito da Universidade, que é um espírito de liberdade. É exatamente isso que praticamos aqui na UFT". O reitor frisou ainda que a beca que o escritor vestiu não tem valor apenas acadêmico, mas representa várias das ações conquistadas pela UFT em sua existência, como a "instituição das cotas afirmativas para indígenas e quilombolas (em que a UFT foi pioneira no país); o hospital federal público e gratuito que vamos contruir em Palmas; os idosos, que são atendidos por meio do programa de extensão Universidade da Maturidade (UMA)", destacou. "Representa ainda o espírito desta instituição. Somos mil professores, mil técnicos administrativos, vinte mil estudantes. Todos empunhando a bandeira da liberdade, da democracia e todos comprometidos com o ensino público e gratuito", ressaltou. "Jamais teríamos a universidade que temos hoje se vocês não tivessem lutado como lutaram pela liberdade", completou, destacando também os nomes de outras personalidades que já foram laureadas com o título de doutor Honoris Causa na UFT: Rui Rodrigues, José Mindlin, Zélia Gattai, Edgar Morin e Raimunda Gomes da Silva.
Discurso - O homenageado, durante seu discurso de mais de uma hora, falou de sua cidade natal, Porto Nacional, e também de sua infância; falou do início da carreira literária e da militância política. Citou trechos do seu livro escrito no cárcere, Poemas do Povo da Noite: "Fui poeta como uma arma para sobreviver e sobrevivi". Disse que aprendeu no cárcere que "todo ato de liberdade foi antes um ato de resistência. Dito de outro modo, a resistência é a parteira da liberdade".Silva, em seu discurso, destacou a importância da educação e da resistência, como gênese da liberdade (Foto: Samuel Lima)
Historiou como se deu a resistência à ditadura nas ações que participou e do significado do Ato Institucional nº 5 para o Brasil, em especial para as pequenas comunidades do interior do Brasil. Destacou Celso Furtado como um dos grandes pensadores do país e de como ele permite, com seus escritos, compreender o Brasil. Frisou ainda a importância da universidade pública como local para oferta de educação de qualidade e da relevância do processo de inclusão por que passa o país hoje. "Em nenhum lugar do mundo, em menos de dez anos, se deslocou numa população equivalente à população da Argentina, para a condição de cidadão", ressaltou.Enfatizou a atuação de Padre Josimo e sua importância para a região do Bico do Papagaio (Norte do Tocantins) e o trabalho de organização dos trabalhadores juntamente com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que permitiu resistência à grilagem na região. Leu o poema "A morte anunciada de Josimo Tavares", ressaltando a necessidade de democratização dos meios de comunicação de massa no país. Defendeu a política como a única forma de construção da democracia. "A política é a mais elevada invenção humana para a construção dos destinos coletivos. Não aceitamos a criminalização da política. Fora da política só resta a opressão e o mercado. Não há solução fora dela. Precisamos qualificar a política, mas não temos o direito de fugir dela".
Livro - Depois da solenidade, o homenageado foi longamente celebrado por pessoas que queriam tirar fotos com ele. Depois, ele fez o lançamento de seu mais novo livro - "A estrela imperfeita", autografando alguns exemplares, ainda no hall de entrada do Cuica.
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