Artigo de pesquisadores da UFT está entre os mais acessados da Revista Viruses
A pesquisa liderada por cientistas brasileiros - entre eles professores e pesquisadores de pós-doutorado da UFT - e publicada na Revista Viruses tem se destacado no mundo todo e já está entre os artigos mais acessados do periódico. O trabalho avaliou a distribuição de mutações no vírus SARS-CoV-2 nas cinco regiões brasileiras e já foi pauta de várias matérias pelo país.
De acordo com o artigo, foi possível observar a presença de 27 variantes que causam alteração não só na sequência do genoma do vírus, mas também na tradução das suas proteínas, sendo 44% destas trocas acontecendo na região Spike do vírus – que é uma região importante para que o vírus consiga se ligar ao receptor celular e se multiplicar em células humanas. “A partir destas variações e outras análises o nosso trabalho mostrou a presença de 61 linhagens diferentes do vírus no Brasil, com alta predominância da variante Gamma. Nós também demonstramos através de uma estimativa matemática, por exemplo, que a cada 86 vírus circulantes na América do Sul, um deles representaria uma nova variante, mostrando a importância da vigilância genômica no acompanhamento da pandemia”, explicou Fabrício Campos, professor da UFT e um dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho publicado na revista.
Para ele, esse alto número de acesso ao artigo se deve a grande relevância na descrição dos eventos mutacionais e do cenário mundial de geração de novas variantes e além, é claro, da publicação ter sido em uma revista de alto fator de impacto e de respaldo internacional. “Trabalhos assim são revisados por pesquisadores da área e passam por correções e ajustes antes de serem aceitos para publicação. Ficamos felizes com o alcance e relevância ao cenário da Pesquisa produzida no Brasil, mostrando a importância do investimento que foi inserido ao nosso projeto”, comemora o pesquisador.
Continuidade no Tocantins
A equipe não parou a pesquisa nos resultados obtidos e publicados neste artigo, pelo contrário, eles continuam investigando o surgimento de novas mutações e por consequência novas variantes.
Fabrício esclarece que este trabalho foi inédito no sentido de responder um questionamento levantado pelo grupo de pesquisa: “Como seria se estivéssemos sequenciando mais amostras brasileiras”? Para ele, o cenário Nacional mostrava algumas estimativas como as altas disseminações do vírus, casos graves não só em pacientes com comorbidades sabidamente importantes para o agravo da doença, entre outros. A hipótese foi comprovada pelo estudo, há um cenário de mutações maior do que eles conseguem descrever.
Mas além disso, os pesquisadores da UFT envolvidos no trabalho estão atuando no sequenciamento do genoma de SARS-CoV-2 de amostras em circulação no estado do Tocantins. Até o momento, já foram sequenciadas 139 genomas confirmando a circulação de sete variantes no estado. A maioria foi das linhagens P.1 ou Gamma e P.1.7. Essa pesquisa já constatou também que, no mês de agosto, foram sequenciadas duas amostras da variante Delta.
Equipe
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de Três instituição: a Universidade Federal do Tocantins (UFT), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Feevale . Entre os pesquisadores da UFT estão o professor do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Fabrício Campos e dois pesquisadores de pós-doutorado vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFT, Ueric Souza e Raíssa Nunes. Da UFMG participaram a pesquisadora de pós-doutorado Karine Lourenço e o professor Flávio da Fonseca, que é o atual presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Além dessa equipe também contribuiu para a pesquisa o coordenador da Rede Corona-ômica, professor Fernando Spilki, da Universidade Feevale.
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