Vida universitária separa e aproxima pais e filhos
Pai professor e pai estudante da UFT falam da relação com os filhos
Ingressar em um curso superior muitas vezes significa sair de casa e morar longe dos pais. Outras vezes, porém, pode significar ainda mais proximidade. Longe ou perto, os pais fazem parte da vida universitária e para homenageá-los neste Dia dos Pais contamos a história de um pai professor e um pai estudante da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
A proximidade
O professor de Medicina Veterinária da UFT no Câmpus de Araguaína, Wallace Henrique de Oliveira, sabe o que é sentir saudade de um filho. O dele se formou há pouco tempo em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais. A Universidade, porém, não é apenas sinônimo de distância. Afinal com a filha Bárbara, que escolheu seguir a mesma carreira que ele, Wallace convive diariamente no ambiente acadêmico.

Todos dos dias eles vão juntos ao Câmpus da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) que fica a 18 km de Araguaína. Por causa da distância, a maioria das vezes também voltam juntos para almoçar em casa.
Bárbara ingressou no curso no segundo semestre de 2011 e foi aluna do pai já nos dois primeiros períodos, nas disciplinas de Bioquímica e Biofísica. A responsabilidade de "dar o exemplo" nas aulas pesou para a filha, segundo conta o professor, mas o convívio acabou resultando em uma experiência interessante para ambos. “Não se pensava na hipótese de reprovação, nem de exame final” conta o professor e pai exigente, relembrando a época. “Mas eu procurava evitar fazer perguntas sobre a matéria para ela durante as aulas”, brinca, “senão ela brigava comigo quando chegava em casa”.
A distância
Como muitos jovens que deixam a casa dos pais para cursar a faculdade, o estudante de Engenharia Elétrica Ruan Felipe Pascoal, de 24 anos, também convive com a saudade, mas para ele a história é um pouco diferente. O universitário é pai de um menino de quatro meses, e é ele quem precisa se afastar da família para estudar.

Enquanto o Ruan mora em Palmas, a esposa, Lizandra Pascoal, e o filho, Lucas Gabriel - que já tinha o nome escolhido pelo casal muito antes deles pensarem em formar uma família - vivem no município de Felipe Guerra, no Rio Grande do Norte, estado de onde Ruan é natural. Desde que o menino nasceu, em março deste ano, o pai só conseguiu visitá-lo duas vezes.
Por conta dos estudos, Ruan não pôde acompanhar de perto a gravidez da mulher, nem o parto e os primeiros dias de vida de Lucas. Com o coração apertado de ansiedade, Ruan só conseguiu conhecer o menino quando ele já estava com mais de dez dias de vida, e recorda emocionado este momento: “Assim que eu segurei meu filho pela primeira vez ele ficou olhando pra mim como se já me conhecesse”.
A cada visita o apego entre pai e filho cresce e as despedidas vão ficando mais complicadas. “[Da última vez] parecia que meus braços eram um tranquilizante para ele”, comenta o estudante, que gaba-se da atenção recebida do filho. "Quando eu estava lá ele só ficava comigo e não queria mais ninguém, nem a mãe”, conta ele, achando graça de provocar pequenas crises de ciúmes na esposa e mãe do menino. "Ela ficava louca com isso."
Namorando a distância desde que Ruan começou a fazer faculdade, primeiro em Natal, e depois em Palmas, Ruan e Lizandra não planejaram a gravidez, que aconteceu quando ficaram juntos durante a greve de 2012. Apesar disso, a felicidade evidente de Ruan ao falar do filho deixa claro que não há arrependimentos. Só a vontade de aproveitar ainda mais o filho e o lamento de não poder ficar mais tempo perto da família.

O fato de não estar presente para ver as surpresas do dia-a-dia e acompanhar o desenvolvimento do bebê - uma fase que passa tão rápido - faz aumentar a saudade desse pai de primeira viagem que ainda não sabe quando vai poder ficar, de vez, perto do filho. Mas, é pensando no futuro que ele segue firme com os estudos da faculdade durante o dia, e à noite cursa Eletrotécnica no Instituto Federal do Tocantins (IFTO).
Enquanto isso ele planeja a próxima visita à família, que só deve acontecer no fim do ano, e sonha com a ideia de, quem sabe, trazer a esposa e o filho para uma temporada no Tocantins. Sempre que pode, o universitário ameniza a saudade pela internet. “Neste fim de semana, no Dia dos Pais, à noite vou vê-lo pela webcam, se a internet funcionar”, comenta, esperançoso, revelando a expectativa para o seu primeiro Dia dos Pais depois de ser pai.
registrado em:
Notícias
Redes Sociais